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Untitled - posted by guest on 17th May 2020 06:55:57 AM

 Como tem andado as coisas por ai? Você está bem? Antes de partir, lembro-me de ter-te visto a regar aquelas magdálias flóridas do nosso jardim; como elas estão agora?

Depois de velejar por 43 dias em alto mar, no amanhecer de um sábado, cheguei a Paris. A viagem, apesar de arisca, fora um espetáculo aos olhos deste velho poeta. Grandes ondas faziam o navio dançar com a maré, que, cada vez mais turbulenta, faiza a embarcação ir de um lado à outro quase que num piscar de olhos.

 Quando pûs meus pés fora do navio em direção a rua movimentada, senti-me como se fosse um protagonista de um grande livro. De verso em verso fui descobrindo aquele mini-mundo ao meu redor. Desde as flores de pequenos jardins de algumas casas até os grandes balões que bailam com a ventania,

tudo tem um ar mágico e é como se estivesse em um grande e belo conto de fadas moderno.

 Mas, querida, falta-me algo.

Algo que dói em meu peito toda vez que debruço-me junto à minha xícara de café sobre a pequena varanda do chambre para observar as estrelas; que dói todas as vezes em que acordo sozinho: falta você.

 Para que todas essas flores se você não pode as cheirar? para que voar ao mais alto prédio se só o seu olhar já me faz chegar as nuvens? Para que um céu estrelado se você não está aqui para dar nome as estrelas mais brilhantes dele?

 Queria poder navegar minhas mãos em seu cabelo com a delicadeza de um capitão que veleja sobre a maré; voar, feito um pássaro, para a núvem mais alta do céu e observar de perto o doce semblante do seu olhar e, mais que tudo, poder sentir o calor do seu abraço aquecer ao meu peito, que outrora fez-me tão feliz, outra vez.

 Estarei voltando para a casa na próxima semana e, certificarei-me de trazer o melhor vinho que encontrar por aqui para que, além dos de abraçar-lhe, contar-te com zelo sobre tudo que vi e passei por aqui.

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