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Kali - posted by guest on 12th July 2020 10:48:04 AM

Em Kali-yuga, somente a riqueza será considerada sinal de bom nascimento, comportamento adequado e boas qualidades. E a lei e a justiça serão aplicadas apenas com base no poder do indivíduo. Homens e mulheres viverão juntos por causa da mera atração su­perficial. O sucesso nos negócios dependerá de fraudes. A feminili­dade e a masculinidade serão julgados segundo a perícia sexual da pessoa. E um homem será conhecido como brahmana apenas por usar um cordão. Determinar-se-á a posição espiritual de alguém apenas em função de símbolos externos, e em base a este mesmo princípio as pessoas mudarão de uma ordem espiritual para outra. A dignidade do homem será seriamente questionada se ele não tiver um bom salá­rio. E considerar-se-á um estudioso erudito quem for muito perito em malabarismo verbal.

Alguém será julgado profano se não tiver dinheiro, e a hipocrisia será aceita como virtude. O casamento será feito apenas por acordo verbal, e a pessoa pensará que está apta a aparecer em público ape­nas porque tomou banho. Será considerado sagrado um lugar que consistir apenas de um reservatório d’água num local distante, e a beleza será julgada pelo penteado de cada um. Encher a barriga se tornará a meta da vida, e quem for audacioso será aceito como veraz. Aquele que conseguir manter a família será considerado hábil, e os princípios religiosos serão observados apenas por causa da reputação.

À medida que a Terra se apinhar de população corrupta, quem quer que, dentre qualquer das classes sociais, mostrar ser o mais forte obterá o poder político. Perdendo suas esposas e propriedades para tais governantes ava­rentos e desumanos, que não se comportarão melhor do que ladrões ordinários, os cidadãos fugirão para as montanhas e florestas. Atormentados pela fome e impostos excessivos, os homens recor­rerão a folhas, raízes, carne, mel silvestre, frutas, flores e sementes para se alimentar. Atingidos pela seca, eles ficarão completamente arruinados. Os cidadãos sofrerão muito com o frio, vento, calor, chuva e neve. Serão atormentados ainda por desavenças, fome, sede, doen­ça e severa ansiedade.

Na era de Kali, somente um quarto dos princípios religiosos permanece. Este último remanescente pouco a pouco decrescerá em razão dos princípios sempre crescentes da irreligião e por fim será destruído. Na era de Kali, os homens tendem a ser gananciosos, mal compor­tados e desumanos, e brigam uns com os outros sem uma boa razão. Desafortunado e assediado por desejos materiais, o povo de Kali-­yuga é quase todo composto de sudras e bárbaros.

Os modos materiais – bondade, paixão e ignorância –, cujas permutações observam-se dentro da mente da pessoa, são postos em movimento pelo poder do tempo. Quando a mente, a inteligência e os sentidos estão solidamente fixos no modo da bondade, deve-se compreender que este período chama-se Satya-yuga, a era da verdade. As pessoas, então, sentem prazer no conhecimento e na austeridade. Ó inteligentíssimo rei Pariksit, quando as almas condicionadas se dedicam a seus deveres porém têm motivos ulteriores e buscam pres­tígio pessoal, deves compreender que esta situação caracteriza a era de Treta, em que são preeminentes as funções da paixão.

Quando cobiça, insatisfação, orgulho falso, hipocrisia e inveja, bem como a atração por atividades egoístas, tornam-se preeminentes, tal período é a era de Dvapara, dominada pelos modos da paixão e da ignorância misturados. Quando há predominância de engano, mentira, preguiça, sonolên­cia, violência, depressão, lamentação, confusão, medo e pobreza, essa era é Kali, a era do modo da ignorância.

Em decorrência das más qualidades da era de Kali, os seres huma­nos terão visão curta e serão desafortunados, glutões, luxuriosos e empobrecidos. As mulheres, deixando de ser castas, vagarão à von­tade de um homem para outro. As cidades serão dominadas por ladrões, os Vedas serão conta­minados por interpretações especulativas de ateístas, os líderes políticos chegarão quase a consumir os cidadãos e os ditos sacerdotes e intelectuais se entregarão aos ditames do estômago e órgãos ge­nitais.

Os brahmacaris deixarão de executar seus votos e em geral serão sujos, os pais de família virarão mendigos, os vanaprasthas viverão em aldeias e os sannyasis se tornarão ávidos de riqueza. As mulheres diminuirão muito de tamanho, comerão demais, terão mais filhos do que podem cuidar e perderão toda a timidez. Falarão sempre com aspereza e exibirão más qualidades, tais como roubo, engano e audácia desenfreada.

Os negociantes se ocuparão num pequeno comércio e ganharão dinheiro através de fraude. Mesmo sem haver emergência, as pessoas considerarão bastante aceitável qualquer ocupação degradada. Os servos abandonarão um senhor que tiver perdido sua riqueza, mesmo que este senhor seja uma pessoa santa de caráter exemplar. Os patrões abandonarão um servo incapacitado, mesmo que este servo tenha estado na família por gerações. As vacas serão abando­nadas ou mortas quando deixarem de dar leite.

Em Kali-yuga os homens serão desprezíveis e controlados por mulheres. Rejeitarão seus pais, irmãos, outros parentes e amigos e em vez disso se associarão com as irmãs e irmãos de suas esposas. Dessa maneira, seu conceito de amizade se baseará exclusivamente em vínculos sexuais. Homens incultos aceitarão caridade em nome do Senhor e ganha­rão a vida fazendo exibição de austeridade e usando hábito de men­dicante. Homens que nada sabem de religião subirão a um assento elevado e se atreverão a falar de princípios religiosos.

Na era de Kali, a mente das pessoas estará sempre agitada. Elas ficarão magras em virtude da fome e dos impostos, meu querido rei, e estarão sempre perturbadas devido ao medo da seca. Terão falta de roupas, comida e bebida adequadas, serão incapazes de ter descanso apropriado, de ter relações sexuais ou de se banhar, e não terão adornos para enfeitar o corpo. De fato, as pessoas de Kali­-yuga aos poucos ficarão semelhantes a criaturas assombradas ou aos próprios fantasmas.

Em Kali-yuga, os homens desenvolverão ódio mútuo mesmo por causa de algumas moedas. Abandonando todas as relações amistosas, ­estarão prontos a entregar a própria vida e a matar até mesmo os pró­prios parentes. Os homens não mais protegerão seus pais idosos, filhos ou espo­sas respeitáveis. Totalmente degradados, somente cuidarão de satisfazer o próprio estômago e órgãos genitais. Ó rei, na era de Kali, a inteligência dos homens será desviada pelo ateísmo, e eles quase nunca oferecerão sacrifício à Suprema Persona­lidade de Deus, que é o supremo mestre espiritual do Universo. Em­bora todas as grandes personalidades que controlam os três mundos prostrem-se aos pés de lótus do Senhor Supremo, os insignificantes e desditosos seres humanos desta era não o farão.

Aterrorizado e prestes a morrer, um homem sucumbe em sua cama. Embora sua voz esteja embargada e ele mal saiba o que está dizendo, caso entoe o santo nome do Senhor Supremo, poderá se li­bertar da reação do trabalho fruitivo e alcançar o destino supremo. Apesar disso, as pessoas na era de Kali não adorarão o Senhor Supremo.

Em Kali-yuga, os objetos, os lugares e mesmo os indivíduos estão todos poluídos. A onipotente Personalidade de Deus, todavia, pode remover toda essa contaminação da vida daquele que fixa o Senhor dentro de sua mente. Se alguém ouvir sobre o Senhor Supremo, glorificá-lO, meditar nEle, adorá-lO ou apenas oferecer grande respeito a Ele, que está situado dentro do coração, o Senhor afastará de sua mente a conta­minação acumulada durante muitos milhares de vidas. Assim como o fogo aplicado ao ouro retira todo descoramento causado por vestígios de outros metais, o Senhor Visnu dentro do coração purifica a mente dos yogis.

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