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Obra Literária - Sarah - posted by guest on 2nd June 2020 02:58:47 AM

Eu nunca acreditei em coincidências ou acontecimentos sobrenaturais, sempre havia sido (e sou) racional e direta. Nunca tampouco acreditei em histórias que trouxessem alguma desilusão, seja amorosa ou que falasse sobre a realidade. Foi esse o pensamento que tive no momento em que me acordei depois de ler diversos textos sobre Tomás de Aquino para a faculdade, para ir ao aniversário de meus primos gêmeos, que sempre foram cheios de vida e refutavam minhas ideias sobre um racionalismo sem precisarem falar uma só palavra. Eram dois anjos na Terra. Talvez era isso que eu gostava de pensar para que a existência dos dois fosse possível, já que minha irmã era infértil até descobrir que estava grávida do marido. Um verdadeiro milagre que não fazia sentido, mas que veementemente eu acreditava que existia, afinal, os dois estavam completando seus 7 anos de idade, com a alegria e a inocência que condiziam com suas idades. Terminei de me aprontar e fui diretamente à enorme casa de minha irmã, logo entrando vi que a área da piscina estava bastante convidativa, e a parte interna da sala estava coberta de imagens e decorações do filme Coraline, o que me deixava confusa já que os dois meninos nunca haviam mencionado esse filme, e era o meu favorito. Corri para procurar os gêmeos mas não os encontrava em lugar algum, nem mesmo em seu quarto de brinquedo. A casa parecia cada vez mais desconhecida e escura para o aniversário de crianças com 7 anos, afinal, nunca havia visto um altar no meio de cadeiras postas em fileira para uma comemoração da vida de gêmeos. Eu estava próxima a um idoso e éramos os únicos de branco ali, ele estava dizendo a uma moça perto dele o tanto que aquilo serviria de aprendizado, e pareciam não me ver. Falei com os dois, cheguei a gritar, mas não surtiu efeito ou reação alguma no idoso e na jovem de mais ou menos minha idade. Já agoniada, fui para a área da piscina, e encontrei um corpo boiando na piscina, desacordado e sem vida. Clamei, gritei e implorei por ajuda, pulei na água e percebi que continuava seca. Completamente seca. Não fazia sentido. Estava em pânico quando saí da água e senti duas mãos tocarem meus ombros. A misteriosa dama da noite havia me dito que ia ficar tudo bem, mas que havíamos voltado para buscar duas pessoas que estavam fazendo seu aniversário não de vida, mas de morte. E eu era a cúmplice. Mesmo sem lembrar ou entender, eu era.


Sarah

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