Sou conhecida como um monstro abominável, de cabelos adornados por cobras e olhar petrificante. A realidade é que, anteriormente a Atena me transformar neste ser repugnante, era uma das musas mais bonitas. Filha de Forcis e Ceto e irmã de mais duas Górgonas, era reconhecida como sendo a mais esperta e a mais bela.

Desde sempre que tanto eu como as minhas irmãs fomos as sacerdotisas de Atena. Sendo a única mortal da minha família, respeitava os ensinamentos da deusa, mantendo-me casta de forma a poder continuar a exercer o sacerdócio. 

Devido à minha beleza, vários homens e deuses de diversas cidades visitavam o templo de Atena para me poderem admirar, o que me deixava deveras enfurecida. Um deles era Poseidon que acabou por me violar e retirar a castidade que Atena apreciava. Esta, enfurecida, por pensar que a culpa era minha pois o seduzia, transformou-me no monstro que hoje sou.

Culpada injustamente por um ato que não cometi, fui castigada para a vida toda com uma aparência detestável e olhar petrificante a todos aqueles que me admirassem.

Para além de violada e amaldiçoada, Atena não descansou enquanto não me visse morta. Perseu, a pedido da deusa, perseguiu-me e com o auxílio de pertences oferecidos pelos deuses conseguiu matar-me, decapitando-me. Do meu sangue gerou-se duas vidas, vítimas da violação de Poseidon: Pégaso e Crisaor.

Que a minha história seja um exemplo para as gerações futuras de que a mulher nunca é a culpada da violação, independentemente da beleza que possua, das indumentárias que use ou dos discursos que realize.