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Fragmento de Ti, de Mim, de Nós. - posted by guest on 14th October 2020 12:52:23 AM
━ 𝐓𝐞𝐫𝐜̧𝐚-𝐟𝐞𝐢𝐫𝐚, 𝟏𝟑 𝐝𝐞 𝐨𝐮𝐭𝐮𝐛𝐫𝐨.
O Sol havia fundido no horizonte; a Noite caía agora sobre Nós. E, com a sua chegada, emergem as emoções.
Inicia-se, então, um momento de devaneio;
Reflito, no ensurdecedor silêncio da Noite, sobre tudo o que se viveu; condenando os astros por tudo aquilo que ficou por se viver. Hipócrita da minha parte, logo Eu que com os astros desabafo.
Equaciono as oportunidades que permiti que me escapassem por entre os dedos, sempre com o ignorante receio de perder. Reescrevo os sentimentos que limitei a uma mera folha e que dessa pensei que nunca se iriam libertar. Tudo devido a esta minha mania de permanecer no meio-termo; onde tudo e nada confesso.
Hoje despeço-me desse hábito e aventuro-me na escrita desta carta. Se a virtude amornecesse; a ondulação não pertenceria ao Mar, os dias tornar-se-iam totalmente melancólicos e o arco-íris ganharia míseros tons de cinza. Este nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma. Limita-se apenas a ampliar o vazio que intimamente acarretamos. E, deste nada, eu já não quero nada.
Revelo não saber do que se trata, apenas sei que o sinto. Sinto tudo aquilo que outrora me esforcei para inibir ─ o que não deveria ser sentido. Sinto tudo aquilo que deveria ter sido terminado mesmo antes de se ter iniciado. Porém, não me condeno por sentir.
É este sentimento que me estimula, que me move. Este sentimento, para mim tão desconhecido, auxiliou-me na descoberta de cada porção que me constitui. Graças a ti, Lorenzo, que ressuscitaste o que adormecido e perdido se encontrava há anos.
Avisada fui Eu, contudo jamais imaginei que tal fosse possível de restabelecer. A verdade é que costumam de alegar que do inesperado se origina o que de mais consistente pode existir. O que somos nós senão um fruto da imprevisibilidade do destino?
Obstáculos foram-nos colocados; Decisões foram tomadas, sempre em busca do mesmo desfecho ─ um epílogo que garantisse a nossa união, independentemente da adversidade das consequências.
Somos coisa nenhuma aos olhos dos demais, mas a definição de complexidade aos nossos. Em nós, tudo vive, ainda que sigiloso. E que assim se mantenha. As emoções não foram criadas para serem partilhadas, apenas sentidas. Desprovidos de sentimentos é aquilo que escasso em nós se encontra.
Da nossa história ninguém saberá. Somente nós, dois meros indivíduos atraiçoados pelo destino, é que a levarão eternamente gravada no coração.
Estas palavras que narro são meras fragmentações daquilo que nos constitui;
Assim me despi, avivando quem Sou, sem hesitações.
─ 𝐷𝑎 𝑡𝑢𝑎, 𝑀𝑎𝑔𝑑𝑎𝑙𝑒𝑛𝑎 𝑀𝑎𝑛𝑠𝑜𝑛.