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Congregação das Bruxas (continuação) - posted by guest on 5th May 2020 04:40:37 AM
Há muitos e muitos anos, tantos quanto o número de estrelas na abóbada celeste, um reino foi palco de um terrível levante.
Em pleno solstício de inverno uma infame congregação de bruxas, amantes da magia negra e da liberdade, desafiou a tirania da poderosa Ordem dos Caçadores de Bruxas, levantando feitiçaria de cunho sobrenatural e rebelando-se contra seus opressores, força supostamente obtida em ‘’rituais satânicos’’ e ‘’pactos com demônios’’.
Expulsas, as renegadas foram forçadas ao exílio e subitamente condenadas a queimar na fogueira. As bruxas foram perseguidas por sua crença. Tal culto ritualístico era politicamente inadmissível num regime patriarcal, destarte, poucas dessas mulheres que realmente pertenciam à bruxaria conseguiram escapar e refugiaram-se em conventos abandonados por camponeses.
Uma das mais provectas de suas tradições nigromantes são a veneração pelos deuses ancestrais, o qual a ordem de caçadores considerava um ato promiscuamente mundano e subversivo às doutrinas da Igreja. Conforme as crenças destas bruxas, tais ritos seriam remanescentes de uma religião global anterior a todas as outras surgidas em uma longínqua civilização emergida durante a Inquisição.
No início do equinócio de outono. Em uma noite sombria, banhada unicamente pela inconstante luz da lua. Um grupo de bruxas que se reuniam ao redor de uma fogueira, apanharam um cervo macho que encontraram numa floresta local e o sacrificaram, usufruindo de seu sangue para a realização do ritual, contornando-o por toda a dimensão do círculo mágico. Após acenderem as velas e posicioná-las em seus devidos lugares, uma bruxa começou a proferir em um tom austero, porém, com uma leve maviosidade: ''Ouçam, minhas queridas irmãs. Evoco a Deusa Tripla do Círculo do Renascimento, aquela que traz a vida. Aquela que brilha no céu da noite com beleza e enriquece toda à Terra com mistério. Aquela que é a sabedoria das estrelas, a pulsação do sangue e o lento crescer das árvores. Que sua presença me guie e suas bênçãos caiam sobre mim, pois sou a sua criação.''
Então, ritualisticamente, a mesma varre o espaço dentro do círculo mágico com a tradicional vassoura da feitiçaria feita de bétula. Devido à celebração, outras bruxas dançavam várias vezes ao redor do círculo, gozando entre acessos de risos a mais genuína prosperidade.
No entanto, toda felicidade é passageira. Em um ponto distante do horizonte situavam-se inúmeros homens montados em cavalos, de porte galgaz e armadura cor de prata. Uma bruxa que estava realizando um feitiço às margens d' água sobressaltou-se quando pôde avistá-los descendo as colinas. Imaginara que estes faziam parte da insigne Ordem dos Caçadores de Bruxas. De imediato, emitiu um sinal gesticulando com as mãos para que as outras ficassem em alerta, logo esconderam-se nas copas mais altas das árvores. Os cavaleiros introduziram-se na floresta, entretanto, ficaram paralisados de imediato, totalmente incapacitados. Perplexos com todo o poder que irradiava naquele local alguns tentaram se mover, porém, falharam. Gradativamente, os cavaleiros foram perdendo suas forças vitais cedendo à morte e a miséria, e assim sendo transformados em pó.
No século XV, bruxas foram persistentemente perseguidas por membros do clero. Em alguns casos, pessoas inocentes eram acusadas por falsas alegações de prática à ''bruxaria''. Afinal, execuções eram espetáculos imperdíveis, que atraiam a atenção de indivíduos vindos de vários cantos. Sendo um período assolado pelas guerras religiosas e políticas, e fustigada pela fome e pela doença. De 1450 a 1750, poucas pessoas ousariam contradizer essa doutrina, repetida em tom de ameaça nos púlpitos dos pregadores católicos. Dessarte, com o fim da Ordem a Congregação das Bruxas estaria livre de quaisquer importunações, audaciosos que tentassem desafiar o seu poder seriam imediatamente eliminados. Por fim, esta perseguição finalmente havia terminado.
''As bruxas têm uma só ordem, chamado Conselho das Bruxas, mas é inequívoca: “Não faça o mal a ninguém.” Não acredito que qualquer um de vocês usaria algum feitiço para controlar ou manipular a vida de outra pessoa. No entanto, os erros acontecem, inadvertidamente, pois, nós, mortais, nem sempre sabemos a melhor solução para resolver todas as situações, e há outra crença: “O que você enviar retorna a você, triplicado, seja para o bem ou para o mal.”