A Existência Cristã:

  O primeiro gesto na história foi a comunicação do Amor de Deus: a Criação.

  Mas Ele aprofundou a comunicação de Seu Amor na Encarnação do Verbo: Jesus Cristo.

  A primeira comunicação do Amor de Deus foi manifestação de Sua potência criadora e compartilhamento de Suas perfeições espelhadas nas criaturas. Mas a segunda grande comunicação deste Amor foi pessoal: Deus veio ao encontro da humanidade, assumindo-a no Filho Jesus.

  E ainda mais: Deus quis que seu gesto se prolongasse por toda a história: a Igreja é Cristo oculto mas presente aqui e agora, ao alcance de quem quiser, a Igreja é Deus que continua a Se colocar no nosso caminho, a Igreja é Cristo que compartilha a nossa vida, a Igreja é o Espírito Santo anunciando a verdade que liberta e salva.

  Criação _ Encarnação _ Igreja: são, em conjunto, a revelação fundamental de Deus que é Vida como Amor. Portanto, a nossa vida que participa desta Vida Infinita, não pode desenvolver-se na verdade senão seguindo este método de Deus: que se encarna entre nós através da Sua Igreja.

  Então, o caminho simples e direto para o desenvolvimento da minha pessoa é colocar-me disponível, compartilhar a realidade divina e a realidade humana _ conviver para viver.

  “_Mestre, que devo fazer para ter a vida eterna?

   _ Ama o teu próximo como a ti mesmo.” (Lc 10, 25-37 _”O Bom Samaritano”)

  É a caridade: abandono de si a Deus, que Se ofereceu a mim primeiro para preencher a minha solidão. Assim, a caridade é o paradoxo da minha existência, em que se reflete o Mistério da Santíssima Trindade: para eu ser eu mesmo, devo dar-me aos outros.

  “Quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de Mim, esse a salvará.” (cf. Lc 9, 24)

  Se a caridade está presente ao menos como princípio, como preocupação, nós somos cristãos. Caso contrário, podemos fazer muitas coisas, mas não terá a fisionomia profunda de um gesto cristão. Podemos fazer muitas coisas sem doar a nós mesmos.

  Compartilhar com os outros se traduz em compartilhar as necessidades _ tomar conhecimento, compreender, ajudar: nas necessidades espirituais, morais, culturais e materiais. As necessidades materiais são as mais evidentes e mais fáceis de socorrer. A atenção em compartilhá-las é uma ótima educação a uma caridade mais profunda e total, que toque os valores da pessoa (neste sentido, as Sagradas Escrituras elogiam a esmola).

    A Missão:

  A condivisão é a própria natureza da ação cristã, e seu âmbito é ilimitado. Empenhar-se n’uma experiência de caridade significa escancarar-se ao universo. Essa abertura ao mundo não despreza os detalhes ou o cotidiano. Ao contrário, a caridade se manifesta na maneira como se vive o cotidiano e os detalhes. Família ou amizade, escola ou trabalho podem se tornar cada vez mais objeto de empenho sério e verdadeira dedicação. Tudo encontra seu verdadeiro significado na oferta a Deus.

  É preciso estar aberto a conviver com todos, compartilhar a vida com todos, colocar-se disponível a qualquer pessoa. A caridade é uma lei sem limites, universal: católica. O encontro com Cristo leva a nos aproximarmos de tudo e de todos com uma abertura positiva sem limites.

  Cada um de nós foi escolhido através de um encontro gratuito para que se faça também “encontro” para os outros. Portanto, é para uma missão que nós fomos escolhidos, assim como Cristo foi mandado pelo Amor Eterno para uma Missão:

  “_Como o Pai me enviou, Eu também vos envio.”

  O amor que nos foi dado e é continuamente dado é para o mundo. É dado a nós para que em nós se reflita e se comunique a todos.