Irregular, oculto, marginal, imoral: essas são algumas das definições dadas ao mercado negro. No dicionário e no senso comum, a palavra “negro” é historicamente ligada ao que é negativo, então é preferível referir-se a esse mercado como os três primeiros adjetivos do parágrafo, mesmo que muitos autores trabalhem com esse termo.

O mercado oculto coexiste com o mercado aberto. Ao viver na margem do Estado realizando práticas ilícitas que geram lucro ou serem favorecidos pelas proibições (por exemplo, não há a necessidade de gastar com segurança), esse mercado possui um grande canal de fornecedores e consumidores.

Os fornecedores são organizados e também eliminam a necessidade de gastos, uma vez que o trabalho seria sem contrato (o que conhecemos como informal) e sem especialização, mas isso não significa que não haja conhecimento ali empregado, uma vez que se trata de um mercado criminoso amplo e bem estruturado. Os consumidores nascem a partir de diversos canais para contatos que tenham interesse nos serviços, que vão de tráfico de drogas, humanos, prostituição, contrabando e aborto, afinal, este último é ilegal no Brasil.

No que concerne ao tráfico de drogas, há uma estratégia comum chamada de efeito abacaxi: cada vez mais os fornecedores aplicam drogas mais fortes e letais no mercado oculto para que seus consumidores se viciem rapidamente, contribuindo com a compra delas. Pode-se também dizer que esse mercado é discriminatório, especialmente para os pobres, uma vez que seu controle está num patamar tão elevado que causa corrupção em países que criam essas relações.