- Share this text:
From Lavinia To Sylas. - posted by guest on 31st August 2020 02:13:34 AM
Nos primórdios do cosmos, foi concebido o fogo e o seu conceito. Este, seria o mais catastrófico e temível ingrediente na nossa existência e aos pequenos olhos mortais. Ele devastou povos, martirizou o homem e saqueou imponderáveis grandezas. Um absolutista que no seu refolgo, acalentava as afrodisíacas noites dos nobres amantes, alumbrava os pobres e escorraçava as avantesmas. Uma ameaça que apenas os intrépidos ousam reverenciar e prezar.
Há 27 anos, as providências divinas, ilustraram a personificação do fogo e bataziram-na de Sylas. Ironicamente, o nome do profeta de Jerusalem. À semelhança do fogo, tu propagas a inquietação dos incapazes, fazes dos que te prezam mártires do amor e saqueaste, pela segunda vez, meu coração. Todavia, quando o crepúsculo nos resguarda, acalentas a minha noite com o mais imaculado sopro, sopro esse que escuto como se da minha predileta sonância se tratasse. Todas as noites sou a bem-fadada que embrandece a combustão viva que és e todas as noites, com o fogo eu brinco; com o fogo brincamos, sempre sob a sua ameaça.
Quando colidimos pela primeira vez eras fogacho de vela dançante, o suficiente para alumiar um rosto. Hoje, és o sol vulcanico que auxilia os nossos pequenos mundos, até quando absorto.
Hoje, foi o teu dia de aniversário e são inumeráveis as coisas que ficaram por proferir e ainda mais imensuráveis as que assim permanecerão. A minha mudez nem sempre é fadiga ou omissão de decifração aos teus mil e um enigmas madrugadores. Ocasionalmente, o meu silêncio é o amor, estúpido como ele é. O amor que me ensurdece, que me encegueira, que repercurte na minha psique e me ordena para que me mantenha assim, em silêncio. O amor mútuo e homólogo que aprendo. Aprendo, porque jamais alguém ofertou tanto quanto tu. Contigo, aprendi a ser amada e afirmo, perante todos e abertamente, o quão grata estou pelo meu rosto salgado há semanas atrás, pelas lamúrias com as quais bafejei a lua entre soluços e tabaco. Apenas ela, apenas a Lua sabia que alguém, em breve, me iria contemplar como se fosse ela. Apenas ela e os astros, que até a mim te trouxeram novamente.
Eu não prometo ser sempre graciosa, invulnerada ou a mulher perfeita. Contudo, eu serei a mulher que te ama e te agasalha por mais fodida que esteja. A mulher perante a qual um dia dirás e escutarás: "Sim, aceito." Não prometo ser sempre sã ou uma mulher com classe, porque amar acarreta insanidade e, eventualmente, hostilidade contingente. Mas uma coisa eu assevero, de punhos cerrados e peito anafado: Jamais alguém agarrará como eu. Jamais alguém pugnará tanto quanto eu. Jamais alguém te amará tanto quanto eu. Eu amo-te, do meu jeito cru e quiçá álgido.