- Share this text:
Teste. - posted by guest on 11th May 2020 12:26:11 AM
Cheguei na casa do meu melhor amigo às 19hrs e fui direto para a cozinha procurar uma cerveja. Alguns dos meus amigos estavam em casais, conversando e rindo juntos, apesar do som ensurdecedor que engolia a casa e de toda aquela gente bêbada. Eles pareciam entretidos e não seria eu a empatar a foda de ninguém. Fiz um breve aceno de cabeça para eles e saí, sem nenhum álcool em mãos. As festas de Kyo normalmente eram muito boas, ele é um cara popular e bonito, diga-se de passagem. Além do mais, somos amigos de infância, por isso me sinto sempre no dever de comparecer. Por consideração, eu acho. Acontece que esse dia, em particular, foi um porre e eu não tinha a mínima vontade de estar aqui. Preferia mil vezes estar na minha cama dormindo ou maratonando meus seriados. Meu único raio de esperança era que o gatinho aparecesse por aqui.
Busquei o maço de cigarro e o isqueiro perdidos no bolso traseiro da calça e caminhei até o alto da escadaria que dava para o segundo andar da casa. Acendi um, dois, três cigarros, alheio a loucura que acontecia no andar de baixo. Estava perdido em meus devaneios, pensando em tudo e nada ao mesmo tempo, que fluíam com as batidas da música. Quando dei por mim, o cigarro não estava mais entre meus dedos, mas preso entre os lábios de Neji, o gatinho "supostamente" hétero veio, afinal.
Parado em pé ao meu lado, ele me olhava do jeito presunçoso de sempre, cheio de pompa. Tive que resistir ao impulso de provocar e ralhar com ele, porque, naquele instante, com o meu cigarro no canto boca, ele parecia sexy e eu não queria estragar o momento.
— Fumar faz mal à saúde.
Não respondi. Não falei nada pelos longos minutos seguintes. Depois da uma última tragada, Neji esmagou o cigarro no chão e sentou à minha frente, degraus abaixo na escadaria. – Beijou alguém essa noite?
Franzi as sobrancelhas, confuso pela curiosidade súbita.
– Beijei algumas bocas – menti – e você?
– Ainda não encontrei nenhuma garota interesante. – Neji me olhou de esguelha.
– Não quer tentar algo diferente?
– O que quer dizer com isso? – Quis rir da maneira que ele me olhou, os olhos grandes e confuso, quase como se estivesse ofendido. – Tipo, beijar garotos?
– Sim, beijar homens. – Disse simplista, dando ênfase à útima palavra. Desci os degraus e estendi minha mão para ele. – Vem, vamos subir. – Insisti, a mão balançando no ar. Quando ele finalmente a segurou, a contragosto e um pouco constrangido, eu nos levei até o quarto de Kyo.
Primeiro, porque sabia que era o único disponível e limpo, longe de casais drogados e cheios de hormônios Segundo, porque era o quarto mais bonito da casa. Logo depois do quarto dos pais dele. O quarto de Kyo era comum como qualquer quarto pertencente a um jovem adulto. De longe, a coisa mais impressionante ali era a sacada elegante com a vista para a piscina. Na minha humilde opinião, essa extragagância dava um ar aconchegante e romântico ao ambiente.
Eu não sei por quê diabos estava tentando tornar esse momento especial. Aliás, eu nem sei se Neji vai aceitar ou recusar meu beijo, mas na parte mais débil e profunda do meu cérebro, isso faz sentido. Fazer tudo isso por ele ou por um beijo dele faz sentido. O silêncio já estava para lá de desconfortável quando entramos e eu sentei na beirada do colchão, observando-o enquanto ele vasculhava os cantos do quarto. – O que estamos fazendo aqui, garoto?
Odiava quando me chamav assim.
Rolei os olhos.
— Você não gostou?
– Me trouxe aqui só para que eu visse a decoração? – riu debochado.
– Não, idiota. Eu te trouxe porque... – hesitei e ele arqueou as sobrancelhas, se aproximando com os braços cruzados na altura do peitoral –... porque eu quis.
– Ótimo, é lindo! Vamos embora!
Ainda assim, ele não se moveu e continuou parado com a pose autoritária e o sorrisinho convencido no rosto. Contudo, tudo isso se desfez no momento que agarrei sua cintura e trouxe seu corpo para encostar no meu, encaixado entre minhas pernas. Aquele olhar confuso estava lá outra vez, mas agora tinha um misto de curiosidade adicionado nele. Suas mãos vieram parar em meus ombros e eu pude sentir meu corpo relaxar sob o toque delas.
– Vamos ficar, por favor? – Supliquei e forcei seus quadris para baixo, forçando Neji a se sentar em meu colo. De repente, suas pernas abraçaram minha cintura e suas bochechas ficavam rubras. Eu só pude fazer sorrir pela timidez inesperada.
Quem é que estava no controle? A-ha!
Queria tanto esfregar isso naquele rosto bonito, porém, infelizmente tinha consciência que Neji faria o momento ir ralo abaixo se esse meu pensamento falasse alto, então me contentei em sorrir com uma pontinha de satisfação secreta. Eu odiava ter que admitir que ele mexia comigo e odiava não poder negar sua beleza.
Que inferno de homem!
Homen esse que acabou de ceder um pouquinho mais para mim.
Como se estivesse lendo meus pensamentos, um bico surgiu em seus lábios carnudos. – Eu sei o que está pensando e te odeio profundamente por me fazer querer seguir com isso. – A confissão soou conflituosa e divertida ao mesmo tempo e o sorriso tímido que nasceu dali era a coisa mais bonita que eu veria em muito tempo.