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Não se preocupe, eu não ligo em dividir. - posted by guest on 6th June 2020 09:53:37 PM

Brooke Bieber


Nova York - 2015


— Você vai ficar no meu quarto até quando? —Jonathan pergunta, sem tirar a atenção do jogo que passa na tv.




— Credo menino —joguei uma almofada nele— Não tem nada pra fazer, não tenho celular e você é o mais próximo da minha idade que mora aqui.




— Pede usar. —pega o celular na cama e me entrega, sorri agradecida.




Comecei a fuçar no seu celular e só tinha coisas de jogos, abri a câmera e comecei a tirar umas fotos engraçadas fazendo caretas. Paro de tirar fotos e olho as suas, só tem fotos dele com a mãe, o pai e a um garoto esquisitinho. Entro no Whatsapp e só tem mensagem dos pais e do mesmo garoto das fotos, Pietro.




— Você só tem esse Pietro de amigo? —pergunto curiosa.




Jonathan é meio nerd e só fala de jogos, então não esperava que ele fosse o menino mais popular do colégio, porém só ter o contato de um amigo e dos pais no celular é deprimente. 




— Sim. —suas bochechas coram me fazendo rir— Os meninos na escola não querem ser meus amigos. 




Pude ver o quão triste ele ficou e me imaginei no lugar dele, deve ser deprimente ficar sozinho assim. Na escola sempre fui rodeada de amigos e garotos que juraram que seriam minha cura gay —idiota né, eu sei— fui a rainha do baile durante dois anos seguidos e todas as meninas tentavam ao máximo me copiar em tudo, até na forma de se vestir. Então nunca me senti sozinha na vida à não ser quando minha mãe me expulsou de casa. Eu era a rainha daquele colégio e lógico, tinha os invejosos como todo lugar.




— Eles não sabem que estão perdendo


 —digo bloqueando o celular e me deitando de novo na cama, ele sorriu fraco e eu retribui.




Ouvi batidas na porta e meu tio passou por ela.




— Aí está você mocinha. —revirei os olhos do jeito que ele falou— Vai se arrumar que eu vou te levar pra fazer matrícula na escola do Jonathan.




— Sério? —me levantei em um pulo— Espero que sua escola seja legal —sorri pensando nas meninas que devem ter lá. 




— Eu não acho não. —revirou os olhos.— Apesar que pela sua cara vai ser bem popular lá. —agora diz pra mim.




— Vai ser legal sim, a escola é ótima. —meu tio retruca— Quer ir com a gente filho?




— Dispenso. 




— Por que? Olha, sua mãe mandou eu te chamar. 




— Ah pai! —resmunga se jogando pra trás, na cama.




— Que moleque preguiçoso. —agora sou eu quem fala.




— Tô falando sério Jonathan, se você não for e a Bárbara chegar e souber que eu fui sozinho com Brooke ela vai pirar. 




— Ah nem.




— Vinte minutos. —meu tio decreta.




— Então vamos tio porque quando chegar quero atualizar minha série maravilhosa. —puxo ele pra fora do quarto.




— Qual série?




— Eu nunca! É bem bobinha, porém gostosinha de assistir. 




— Tá com essa pressa toda por que? Vai me levar pra onde? —sorriu sacana e eu soltei sua mão rapidamente.




Meu tio é um tarado sem noção, já percebi o jeito que ele me olha, só que ele se fodeu porque não tenho interesse nenhum em retribuir seus olhares. Não que ele seja feio, mas não quero e nem gosto.




— Babaca. —murmurei entrando no meu quarto.




— Ei, eu ouvi. —resmunga atrás de mim.




— Que bom. 




— Se continuar assim não vou te entregar o celular que eu comprei. —virei pra ele na hora.




— Sério? Aahh finalmente um celular. Cadê? —pulo no seu colo e ele me segura em seus braços colocando suas mãos na minha bunda— Tarado! 




— Ninguém mandou você pular em cima de mim. —aperta minha bunda e eu lhe dou um tapinha, resmungo saindo do seu colo e só então vi uma sacola no seu antebraço.




— Tiozinho. —sorri fofa e ele gargalhou cruzando os braços, me olhando com um olhar cheio de humor.




— Agora é tiozinho né? 




— Lógico —tento pegar a sacola e ele rapidamente sobe a mão— Ah nem! —fico na ponta do pé mas ele sobe mais e não me deixa pegar— Tio!




— Acha que é assim? Depois de me chamar de babaca e tarado.




— Eu acho sim. —cruzo os braços e ele ri de novo de mim.




— Não não, vou querer uma coisa em troca. —sorri malicioso.




— O quê?




— Um beijo. —diz sem vergonha alguma e arregalo os olhos.




— Você tá zoando né. 




— Não, não estou zoando, como você diz. —esticou a palavra zoando.




— Eu não vou te dar um beijo.




— E eu não vou te dar seu celular.




— Você é meu tio, isso é incesto. 




— Eu já pequei tanto que acho que incesto não vai ser um dos meus pecados que vai me levar pro inferno. —retruca.




— Que nojo!




— Você que sabe.




Penso em Lola e no quanto eu estou com saudades de conversar o dia inteiro com ela, também estou com saudades de conversar com a minha mãe mesmo que ela não mereça. Talvez não tenha nada demais em dar um beijo nele —fora o fato que ele é meu tio de sangue— pelo meu celular. E não seria um sacrifício, já beijei homens antes de definir minha sexualidade e tio Justin é bem bonito até.




— Espero que esse iPhone seja o atual e com memória até o cu. —resmunguei.




— Sabia que não iria resistir. 




Reviro os olhos e Justin me puxa pela cintura, arfo sentindo meu peito bater contra o seu e seus lábios pressionarem nos meus enquanto seu polegar faz um carinho gostoso na minha bochecha. Seu beijo é gostoso e envolvente, não posso negar que que nós separamos eu pensei em beijar ele de novo. O que pra mim foi uma total supresa, não foi fã de beijar homens.




— Seu beijo é bem gostoso. —me roubou um selinho e o olho indignada.




— Eu sei que eu beijo bem pra caralho —soou convencida— E pode tirar o cavalinho da chuva porque essa é a primeira e última vez.




— Por quê? —parecia indignado.




O olhei pra ele com um olhar tipo “você tem problemas?”.




— Acho que você esqueceu que é meu tio de sangue.




— Não esqueci não. —sorriu.




— Ok, isso está cada vez mais nojento. —fiz careta e ele deu de ombro.




— Eu sei que você também quer, só tá se fazendo de difícil pra me conquistar mais ainda né, safada? —diz e gargalho alto, realmente não tinha interesse nenhum nele.




Meu Deus, que ego enorme é esse querido? Pera aí, me da um pouquinho que eu quero até comprar.




— Tio, você deveria ser comediante sabia? ficaria mais rico ainda. —botei a mão na boca abafando as risadas e ele me olhou puto da vida.




— Sua idiota, tá rindo do que?




— De... —ri mais— Você tio e desse ego enorme.




— Vai se foder, Brooke! 




— Tá, agora me da isso daí. —parei de rir dele e lembrei do meu celular.




Justin me entrega e eu corro pra cama, coloco a sacola em cima dela e abro, tirando o último lançamento vermelho, o iPhone simplesmente mais lindo.




— Ah obrigado tio, valeu mesmo. —dou um abraço nele e um beijo no rosto.




— Não precisa agradecer querida, apesar que seu beijo já pagou. —dá um risada safada mordendo os lábios— Agora deixa ele carregando e se arruma pra gente sair, te espero lá embaixo. —diz e sai.




A escola é enorme e bem chique, bem a cara de rico esnobe, o que eu amo. 




— Já adorei essa escola. —digo olhando a fachada enorme, é três vezes maior que a minha escola antiga. 




Jonathan me olha como se eu fosse alguma abstração de outro mundo. Ele parecia odiar aquilo.




— Você é estranha, Brooke. Tô começando a concordar com a minha mãe.




— Com o quê? —arqueio uma sobrancelha.




Vindo de Bárbara boa coisa não é, até por que ela parece não gostar de mim.




— Que você é má influência. —deu de ombro, nem aí com o que acabou de me falar.




— Eu não sou má influência! —esbravejo indignada.




— Isso eu não sei, ela só me mandou ficar longe de você.




Ri com isso, lógico que eu não me incomodo, Bárbara parece inofensiva e apesar de parecer não gostar de mim nunca me fez nada diretamente ou me disse algo, diferente de Tom que me tratava mal e minha mãe também. Então ficar aqui, pra quem já conviveu com Tom é mamão com açúcar. E sei que Jonathan está falando isso pra me encher o saco, se ele fosse mesmo acatar o que a mãe fala não teria ficado a semana inteira grudado comigo, mesmo que eu tenha o amolado boa parte do tempo no seu quarto.




— Vamos logo tio. —grito Justin que está dentro de carro mexendo no celular. Ele bufa e sai.




— To um pouco chocado, achei que não fosse fã de escola. —Justin para ao meu lado e diz.




— Que nada, até gosto de estudar. Fora que já quero fazer amizades nessa cidade pra poder sair, ninguém merece ficar só em casa.




— Você ficou uma semana em casa, chegou á pouco tempo. —revira os olhos.




— Por isso mesmo!




Fomos até a secretaria e uma moça loira bem bonita faltou escrever na testa “me come” pra Justin, enquanto nos avisava para esperar. Ok, essas mulheres não tem mais o que fazer mesmo.




Peguei meu celular pra mandar mensagem para Lolla e vi que os contatos já haviam todos passados pelo Backup. Graças á Deus.




“oi amor, ganhei um celular novo, agora podemos conversar á vontade.”




“finalmente! estou pensando em ir final de semana te ver”




“ótimo! como está a escola?”




“todo mundo perguntando porque você sumiu e olha que só tinha uma semana” coloca no final um emoji de risos e manda outra: “todos estamos com saudades da rainha B”




“Brooke Bieber é inesquecível, bebê”




“Bobona”




"Me ame menos”




“Impossível baby” sorri feito boba quando li aquilo.




— A diretora está esperando vocês. —a secretária tarada disse me fazendo tirar os olhos da tela. Vejo que Justin e Jonathan estão de olho no meu celular, precisamente das minha mensagens e assim que eles percebem que eu vejo desviam o olhar e se levaram.




— Não sabia que namorava. —meu tio disse com a cara fechada.




Qual é?




— Pois é, eu namoro. —sorri falsa e me levanto— E a curiosidade matou o gato.




— Eu não vi nada. —Jonathan se prontifica.




— Ah claro! —sou irônica.




O garoto da de ombro e passa na minha frente, indo até a sala da diretora. Quando me viro pra ir atrás dele sinto meu braço ser puxado e um corpo bem próximo ao meu.




— Esse é o problema então? Não se preocupe, eu não ligo em dividir anjo. —sussurra no meu ouvido, para que somente eu ouça e me solta.




Justin Bieber




Pego meu celular e vejo o último número que Brooke ligou, por curiosidade.


— Alô? Amor? Por que está me ligando de novo nesse numero? Você não está com um celular novo? —arregalo ao olhos quando ouço uma voz feminina falar.


Penso no que Jazmyn e toda a família iria achar disso, principalmente meus pais religiosos e sorri vitorioso. Isso me renderia mais alguns beijos.

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