No espelho encontro muitas histórias

        Espelho com manchas pretas, algumas vermelhas. Foi naquela noite que fui ao banheiro do cemitério tomar banho. O porquê ninguém consegue explicar, eu não tinha morada. Sou andarilha com histórias aterrorizantes, mas nem tanto. Como todos os dias, encontro algum lugar para limpar minha alma, dessa vez foi o cemitério.  

        Desliguei o chuveiro, ouvi batidas de vidro. Fui para um canto que sempre costumo se trocar, colocando a mesma roupa, ao avesso, sim. Ouço novamente as batidas de vidro, mas estavam mais fortes. E tinha certeza que não era paranoia da minha cabeça. Voltei para o banheiro e tinha cactos do espelho no chão, então olhei para um deles e avistei um vulto de uma mulher de cabelos loiros, mesclado com preto, em seu rosto com roupa preta. Em questões de segundos, as luzes se apagaram e me senti puxado muito forte, mas sentia uma sensação muito eufórica. Logo, desviei o olhar para o espelho novamente. Lá avistei algumas aberrações, como um cavalo preto com manchas brancas, uma criança com capa amarela, fada, abóboras com olhos iluminados. Aquele momento era o que eu mais temia ao vir tomar banho neste local, de sempre.

        Até que acordei. Por momento, era apenas um sonho. Mas o pesadelo das batidas começam novamente, e eu vejo que essas batidas me alertam de algo que nunca saberei ao certo o que é. Por isso, o espelho me conta histórias alucinadas, fictícias, e nada convincente.  

Abby, Lella Hotel