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Me chamo, esquecimento. - posted by guest on 17th May 2020 02:30:39 AM

— Era uma noite de Maio, na floresta Habbok... 

Não era de se esperar que a chuva caísse tão forte assim naquela hora, mas não seria por isso que os planos de Alessa seriam interrompido; seu tio ainda dormia profundamente em seu aposento. O contato de seus pés descalços com a terra molhada causou um arrepio que lhe subiu a coluna, suas meias foram rasgadas em um caco de vidro, o resultado de quando deixou que sua lamparina se quebrasse no chão do andar mais alto da torre em que morava. O caminho de sua fuga já havia sido traçado desde o primeiro dia em que seu tio ficou com sua guarda, após a overdose de seus pais, e agora o plano teria de entrar em ação. 

O primeiro passo foi dado quando um raio resplandeceu e estrondou no céu, exercendo um barulho que podia ser comparado á um rugido de leão, mas foi breve e acentuado como um latido de cão. Alessa respirou fundo e olhou para trás, as luzes que se acendiam uma atrás da outra nos andares de cima a pegaram desprevenida. Alessa correu como jamais imaginou que poderia correr, pois ao seu redor tudo dizia que seu tio acabara de acordar e estava a procura dela, a procura de alguém que já não estava mais lá. Não se importou de observar, como todas as vezes que ia ali, os jardins muito bem organizados em uma variedade de cores, que só podia ser vista essa hora da noite com a luz forte que a lua cheia emanava, guiando as ondas de um lago próximo dali, chocando vento e terra, chuva e frio. Assim que passou pelos grandes portões, já estava desprotegida, e sua única arma era um galho quebrado próximo aos seus pés. Esticou-se na esperança de conseguir alcançar, ao mesmo tempo em que espremia-se contra a coluna do muro, pois o barulho do portão abrindo e fechando havia deixado-a alarmada novamente. 

Os ventos, que minutos atrás estavam ao seu favor, agora colidiam como grandes pedras naquela região, derrubando rochas de decoração, entortando postes e lançando para longe as cumieiras, arrancando fracos gritos de Alessa com o susto. Seus dedos trêmulos cessaram o esforço quando a ardência, centrada na perna esticada de Alessa, marcou presença. Um tiro. Alessa grunhiu entredentes e olhou para trás, uma silhueta conhecida estava parada um pouco mais longe dali, ela só começou a mancar em direção a floresta quando percebeu os passos apressados com que seu tio se locomovia em sua direção.

Com esforço adentrou á floresta, mas não parou, continuou a correr pois sabia que agora sua vida dependia disso. Escutou os passos de seu tio cada vez mais próximos. Mais próximos, mais próximos. Alessa só se deu conta do que havia acontecido realmente quando seu rosto colidiu com uma rocha, havia sido lançada de um barranco. Sua perna doía como nunca, seu rosto parecia ter se quebrado em milhões de pedaços. 

A chuva naquele instante cessou, os ventos desistiram de soprar, a última imagem que pode ver foi a de uma mulher com longos cabelos negros. E a última coisa que pode ouvir? "Me chamo, esquecimento."


— Dizem que hoje em dia Alessa vaga pela floresta Habbokiana e procura novas pessoas, na esperança de que uma delas seja seu tio. As pessoas que são pegas são esquecidas para sempre por todo o mundo, acabam ali todas as evidências de existência dela. — Finalizo.


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