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Untitled - posted by guest on 18th March 2020 02:28:40 AM
Com brados de resistência e moral
Há muito rebelava-se mais um ancestral,
Sob o sol ardente das lavouras de algodão
Lá estava mais um irmão
Que incansavelmente trabalhava
E todas as noites com o futuro sonhava
Mal sabia o pobre rapaz
Que o destino de forma sagaz
Reservava momentos dolorosos ao pobre galgaz
Pelas mãos de um pálido capataz
O tempo com seu bálsamo o curou
Liberdade a ele o proporcionou
Logo mamãe Oxum de amor o acertou
E por uma negra dama se apaixonou
Descendência gerou ,
lindos filhos criou
Mas a sua hora chegou
E a morte piedosamente o levou
Essa história um dia perpetuou ,
por gerações avançou
Estranho falar de ancestralidade ,
em tempos de tanta desigualdade,
descendência escrava possui quem esse poema escreve
E falar isso de maneira leve ele se atreve
Lindos e encaracolados tons de preto herdei
Mas por muito tempo não me empoderei
E certo dia de meus antepassados recordei
E crédito por toda luta os dei
E foi ai que então acordei
Com meus traços concordei
Os meus cachos levantei
E minha estética resguardei
Nenhum medo terei ,
pois independência alcancei
Aos céus agora posso tocar
Sem medo de a mim alguém julgar ,
tenho em mim o poder de ousar
E sem hesitar,
em qualquer lugar chegar
Certa vez de alguém ouvi fato verídico,
O Afro não é só estética
É ato político.
-Ambrose 17/03/2020