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Untitled - By tarcisiogato1986 on 10th August 2020 02:32:16 PM
Se voltássemos no tempo não muito mais que 70 anos encontraríamos na Índia um líder revolucionário: Gandhi, de maneira discreta e sutil, foi ganhando poder e notoriedade através de seus pensamentos pacifistas. Mas, fazendo o exercício inverso e trazendo este homem para os dias atuais, com quem é que lidaríamos?
Somos medíocres e pequenos demais diante da grandeza de Mahatma Gandhi para desmerecer a sua ideologia. Mas fica o pensamento: é mais fácil pedir para resolver um problema na conversa quando você não está no país que mais mata LGBTQ+ no mundo. É mais fácil recorrer ao diálogo quando você não está propenso a uma estatística de morrer antes dos 40 anos caso nasça numa família negra em qualquer morro de favela Rio de Janeiro a fora.
E não, não é nada fácil. Não é fácil resolver problemas fazendo greves de fome em um país onde o governo deixa seu povo morrer de fome enquanto os políticos gozam de regalias milionárias. Não é fácil fazer greves pacíficas quando a polícia te dá "boas vindas à greve" com um tiro no peito. Não é fácil fazer retiros espirituais num Brasil que tem detentos retirados da sociedade e aglomerados aos montes nas cadeias. Acima de tudo, não é fácil ser pacífico em tempos de um governo cujo símbolo é uma arma nas mãos.
Não seria fácil para Gandhi também. Talvez, se o mestre tivesse vivido no Brasil de 2020, daqui 10 ou 20 anos abriríamos os livros de história pra ler:
"Só pede diálogo quem não se garante no soco". Gandhi, Mahatma.