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Untitled - posted by guest on 26th February 2020 07:24:45 PM

"Em 31 de dezembro de 2019, fui de carro para o interior, na cidade onde nasci, para comemorar o Ano Novo com a minha família, mas não cheguei. Fiquei preso no caminho, por causa de uma grande tempestade de neve. Pensei que iria celebrar o Ano Novo no carro, sozinho. Meu veículo já estava começando a se cobrir de neve, quando, de repente, ouvi alguém chamando pela janela. Era um homem que estava atrás de meu carro..."

Ao ver o homem ali fora no meio da tempestade não tardei em sair do carro para ver o que se passava, o senhor estava a tremer de frio. Convidei-o a entrar no carro e ajudei-o a entrar pois com o frio que estava mal se conseguia mover. Quando se começou a sentir melhor perguntei-lhe o que estava ali a fazer no meio da neve, disse que tinha saído para buscar alguma madeira para levar para casa e com a tempestade acabou por se perder. 

A tempestade estava cada vez pior e de repente caiu uma árvore em cima do carro, este já não nos protegia do frio, os dois saímos automáticamente, apróximamo-nos um do outro e chegamos à conclusão de que ali não podiamos ficar, tínhamos de procurar um abrigo. Como ele conhecia melhor a cidade foi ele que nos orientou para onde pensou que teria casas. No caminho tentámos ligar para o número de emergência mas não havia rede onde estávamos e tínhamos as mãos a congelar, acabámos por desistir disso. Depois de uns 30 minutos a andar, nada, só árvores. Estávamos os dois gelados, a tremer e já quase não conseguíamos andar. Mais uns 10 minutos de caminho e começámos a pensar que íamos acabar ali, para além de não chegarmos às nossas famílias nem sequer teríamos a chance de nos despedirmos delas. 

Mas, no meio do nada começámos a avistar uma casa abandonada com algumas janelas partidas mas era melhor do que estar ali ao relento, ficámos mesmo felizes. Ao entrarmos na casa procurámos coisas para nos cobrirmos, deitarmos e ficarmos confortáveis até a tempestade passar. Conseguimos encontrar mantas velhas e algumas peças de roupa que utilizamos para nos aquecer. Sentamo-nos no sofá e quando já estávamos menos congelados começamos a procurar fósforos ou alguma coisa para fazer uma fogueira. Lá encontramos um pacote de fósforos, alguns jornais e coisas que serviram para fazer a fogueira. Conversámos durante horas enquanto esperávamos que a tempestade acalmasse e depois acabámos por fazer turnos, um dormia um pouco e depois o outro.

Não tinha rede para fazer uma ligação mas conseguia ver as horas e a data, já era dia 1 de janeiro de 2020, e nós ali, pelo menos conheci uma pessoa que penso que será minha amiga depois disto, descobrimos que temos muito em comum. Às 14h da tarde a tempestade finalmente começou a parar, nós cheios de fome e sede só queríamos ir para casa então começamos a andar, conseguiamos ver finalmente o chão apesar de ainda ter alguma neve.

Chegámos à estrada e finalmente tinhamos rede, imensas ligações perdidas dos nossos familiares, eu liguei para a minha apenas a dizer para terem calma que já estava a caminho e quando chegasse explicava tudo. O meu companheiro ligou para casa e pediu que nos fossem buscar, comemos alguma coisa e ele e a sua adorável família levaram-me até à minha. 

Passámos a tarde toda juntos, a minha família e a dele, e criámos uma ótima amizade, a tragédia podiamos ter separado mas não unimo-nos e saímos dela bem.


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